terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Então é Natal!



Já escrevi um texto semelhante a este nos tempos do Orkut, quando ele era oferecido apenas in English – mas hoje tenho muito mais para observar. Quando criança, o final de ano para mim sempre foi uma época aguardada durante todo o ano: haveria um presente especial de natal (geralmente mediante “passar de ano” na escola), e o presente da empresa em que meu pai trabalhava, a Mercedes-Benz – eles sempre mandavam brinquedos muito legais! Havia ainda a ansiedade pelas férias escolares! Cerca de dois meses sem fazer absolutamente nada, apenas brincar com os amigos e assistir desenhos! Esta expectativa continuou na vida adulta – mas com objetivos diferentes: ficar alguns dias sem trabalhar, sair à noite quase todos os dias e poder viajar com dinheiro no bolso. Mas todos estes benefícios são fruto do calendário das empresas e das instituições de ensino em relação às festas.
No texto de muito tempo atrás eu lembro (já que não o salvei, não me passava pela cabeça ser blogueiro ou escritor) que me foquei em comemorações familiares e confraternizações de empresas, onde constantemente reina a falsidade – um verdadeiro baile de máscaras! Por quê visitar, beijar e abraçar, elogiar e presentear somente em tempos de festas, feriados ou aniversários? Particularmente desisti de bater nesta tecla e dizer o óbvio: sentimentos entre pessoas não têm data para serem demonstrados.
Hoje outras coisas me chamam mais à atenção. Ouve-se muito as pessoas dizerem que “este ano não dá mais tempo para nada”. Logo, todos os problemas e todos os planos para o futuro ficam para o ano seguinte. Precisamente neste ano de 2011, nunca enxerguei tanto “perigo” em tal procedimento, nesta aparente filosofia. Para mim é simples entender que o meu futuro – além de depender exclusivamente dos meus pensamentos e atitudes, não pode ser orquestrado por um calendário. Admito que não é fácil manter este espírito empreendedor o tempo todo, isto está na nossa cultura – mas por quê não tentar? Não temos nada a perder com isto – teremos sim, muito a lamentar, se no começo de 2012 (provavelmente apenas após o tal Carnaval) não conseguimos atingir nenhuma das metas traçadas! Qual será o desfecho disto? “Ora, fica para o próximo ano, então!” Lamentável, n’est pás?
Uma das pessoas que mais me inspiram quando eu escrevo, Anton Szandor Lavey, dizia que “aqui e agora é nosso dia de tormento; aqui e agora é nosso dia de glória!”
Perfeito! Dizer o que queremos e o que sentimos. Parar com aquele excesso, ou parar de passar certas vontades. Iniciar um projeto, ou fazer aquela visita prometida há meses. Tudo ao mesmo tempo, agora. E por quê não aproveitar esta vontade de renovação que nos (sim, a mim também) assalta nesta época do ano? Prolongá-la, ou melhor, eternizá-la!
Tal façanha com certeza é um dos maiores passos que podemos dar rumo ao que chamamos de “constante evolução”...

PEDRO BOTTERO.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Ele morreu por vocês!


Uma matéria que publiquei na época da morte da cantora Amy Winehouse trazia este título: “Notícia boa é notícia ruim!” Eu sigo com a razão. No dia 06 deste mês, o site do jornal O Globo publicou:
“Cinegrafista é morto durante operação da polícia na Favela de Antares, Zona Oeste do Rio”. Não é preciso ser um gênio para imaginar o grau de periculosidade e risco de morte que existe em uma operação destas. Na minha cabeça livre deste terrível vício que é a paixão pela desgraça, eu me perguntei de imediato: O que um cinegrafista estava fazendo no meio de um tiroteio? Que tipo de preparo uma pessoa destas tem para se envolver numa situação assim? Ah, claro, este é o papel da imprensa, levar a realidade para seus telespectadores.
Mas isto serve para alguma coisa?
O que eu ganho assistindo a um confronto entre policiais e traficantes? Absolutamente nada, não faz o menor sentido ocupar-se com isto. Diz-se que violência gera violência, e eu concordo, a ponto de ser muito difícil eu ler notícias que tragam qualquer conteúdo desta natureza. Neste caso, tamanha foi a repercussão deste evento que acabei sendo fisgado, e trazendo novamente à tona minha perplexidade sobre o que a maioria das pessoas gosta de ver na televisão, jornais e Internet.
Já ouvi dizer: Ah, mas na tv só passa isto! Há muito tempo atrás o SBT exibiu o seriado “Chaves” às oito da noite, rivalizando com o Jornal Nacional, com uma razão óbvia – era o que as pessoas queriam assistir naquela ocasião! Só que naquele caso, elas se dobravam de rir em seus sofás, ao invés de irem para cama depois de tomarem seus banhos de sangue diários. Nós temos o domínio sobre a televisão: ou ela nos dá o que queremos assistir, ou deixamos de ver. E não o contrário! As emissoras trazem violência para os lares em tempo quase integral porque é o que todos querem. CULTURA ZERO.
Um de meus clientes, ao consultar-se com um psicólogo (devido a stress e pressão alta) pela primeira vez, teve que responder a seguinte pergunta: “O senhor por acaso acompanha os telejornais violentos que passam na tv?” Quem leu o livro O Segredo, vai reconhecer isto: “Se você se queixar, a lei da atração trará para sua vida mais situações sobre as quais se queixar”. É como o hipocondríaco que só fala em doenças e tem sempre uma doença nova. É uma regra universal. Há quem afirme que “quem vê a imundície, é a imundície”. Então por quê as pessoas passam tanto tempo interessadas em coisas que não querem para suas vidas? Na mesma página do jornal O Globo podemos ver que cerca de 1.500 pessoas "recomendavam" a matéria via Facebook. E ainda há o link que promete mostrar um vídeo com "o momento em que o cinegrafista é atingido" Não há coisa mais carniceira e sensacionalista do que isto.
Este desejo de milhões de pessoas é que fez o cinegrafista entrar em uma favela junto com policiais que iam de encontro com traficantes. Este mesmo desejo é que culminou em sua morte, deixando inconsoláveis três filhos e dois netos.
ELE MORREU POR VOCÊS...

PEDRO BOTTERO.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Boa sorte, Luiz Inácio!


Eu adoro o Facebook. Lá eu captei novos clientes, fiz novas amizades e reencontrei pessoas! Mas a parte que mais gosto é quando vejo pessoas postando suas impressões e opiniões sobre todo tipo de assunto. Bem, é um direito de todos, afinal a ditadura já acabou há tanto tempo que muita gente mal sabe que ela um dia existiu...
Enfim, o que me diverte é ver os usuários do Facebook “filosofando”, se arriscando em temas sobre os quais não sabem coisa alguma! Eu ando lendo coisas que beiram a insanidade, que mais parecem delírios! Eu não sei fazer contas de cabeça, assim como não sei desenhar ou cozinhar. Então vejo duas saídas para mim: aprender a fazer estas coisas, ou simplesmente não fazê-las, e se necessário, delegá-las a terceiros.
O brasileiro não gosta de ler, isso não é novidade para ninguém – e quando se aventura, os assuntos preferidos são as páginas policiais e as fofocas sobre gente famosa. Alguns obviamente lêem artigos sobre política. A quantidade de links com notícias sobre corrupção e afins vêm aumentando a cada dia no Facebook... São os “brasileiros indignados”, que com seus CTRL C’s e CTRL V’s acham que estão fazendo algo para mudar o Brasil! A maioria não sabe o que está “colando” em seus murais, e muito menos o que está escrevendo sobre isto!
A última moda é colar esta foto do ex-presidente Lula com os dizeres: CAMPANHA! LULA, FAÇA O TRATAMENTO PELO SUS! As mesmas pessoas que por oito anos disseram que o Lula endireitou o país agora colam esta mensagem “tão reconfortante” para um homem que está com câncer. Agora eu vou direto ao ponto central de todos os meus textos: o ato de reclamar. Que tipo de protesto é este? Do meu ponto de vista, o mais covarde possível. Vai melhorar o SUS? Vai fazer o ex-presidente se arrepender de algo que ele não fez pelo seu povo? Não, e não. Nada vai mudar. Uma lenga-lenga sem fim, igual a minha, quando eu vivo dizendo que reclamação sem uma atitude não leva a nada, no máximo pode nos rotular como acomodados e covardes... A lenga-lenga dos brasileiros: bancar o intelectual, reclamando sobre os políticos que nós mesmos elegemos: em mesas de bar, em refeitórios, em redes sociais... E só. Atitude ZERO.
Sendo assim, aqui vai minha mensagem a todos os que colaram isto em seus murais: cada um tem aquilo que merece. Hoje eu não tenho convênio médico, porque nunca me preocupei com isto (porém nunca fico choramingando e aguardando socorro de Brasília). A culpa é minha. Se eu desenvolver câncer eu irei para o SUS. Lula foi um chefe de estado e comandante supremo das Forças Armadas (se tivesse havido algum conflito), ou como o povo adora dizer, uma “celebridade”. Quão grande é a ilusão de quem acredita que por um segundo sequer somos todos iguais! O ex-presidente Lula é um homem de Elite, que conquistou o poder, e por direito pode e deve desfrutar de todos os benefícios de quem governa, de quem comanda. É assim, sempre foi e sempre será! Vide HISTÓRIA, amigos, eu não invento nada!
O meu desejo é que o ex-presidente receba toda a assistência médica possível, custe o quanto custar. Gostemos dele ou não, ele foi grande, e por isso merece sim, privilégios...
Boa sorte, Luiz Inácio.

PEDRO BOTTERO.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Kadhafi venceu!


É certo que os ditadores encontram-se em constante extinção. Já era tempo do povo entender que é dele que deve emanar o poder. Apreender a cuidar da própria vida e dos próprios interesses ao invés de deixar tudo "nas mãos de terceiros", seja ele um ditador populista ou um "deus". Saddam se “ferrou”? Kadhafi se “ferrou”? Não, não e não! Estes homens venceram! Quem governa de 1969 a 2011 um nação com poder absoluto e mãos de ferro não perdeu coisa nenhuma. E ele viveu até quase os 70, um bom tempo. Aproveitou bastante. Espero que um dia estes conceitos sejam revistos para que - se esta Terra durar mais uns dois séculos, possamos ver uma civilização mais autônoma e ciente de que ninguém vai fazer nada por nós se não tomarmos as rédeas da situação. Cortar o mal pela raiz o quanto antes possível...
Há ainda uma outra boa lição a tirar sobre estes conquistadores. Sim – é assim que eu os chamo, pois os crimes que cometeram não estão em pauta aqui. Ficar gritando e escrevendo palavras como déspota e assassino não irá agregar nada de conhecimento, e vai me fazer parecer um papagaio-de-pirata.
Pulso firme, determinação e concentração nos objetivos a serem atingidos. Não é assim que se consegue o que se quer? Pois bem, um sujeito como Muammar Kadhafi era um mestre nisto e eu provo que não estou errado! É só mudar o foco! Ao invés de tomar o poder em uma nação, um homem pode querer a presidência de uma multinacional, o novo Camaro ou aquela vizinha maravilhosa. Dá tudo na mesma. Você quer, você consegue. Não perca o foco e jamais pense no fracasso.
Mas ninguém vai trazer nada para você, e para o bem ou para o mal, sempre haverá inimigos, e sempre haverá pessoas ignorantes para servir de degrau para que alcançemos o sucesso. Não sou sendo radical; ninguém menos que a HISTÓRIA está ao meu lado para confirmar tudo isto. Kadhafi venceu, o povo perdeu. Por mais de quarenta anos.
Libertar se das garras de um “ditador” após tanto tempo pode e deve ser comparado com o ato de divorciar-se depois de décadas de um casamento decadente, ou demitir-se de uma empresa depois de ter perdido por lá toda sua saúde e auto-estima! É muito desgaste e humilhação, por muito tempo, para poder considerar-se vencedor ou sentir o gosto da vitória...

PEDRO BOTTERO.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy Winehouse e as desgraças da vida – notícia boa é notícia ruim!


Minhas impressões sobre a cantora inglesa morta no último sábado são muito vagas. Eu explico. Eu simplesmente me recuso a ler más notícias. Não é novidade para ninguém o quanto é lucrativo divulgar e explorar as desgraças alheias. E por quê é assim? É óbvio – porque é o que vende, é o que o público deseja! Escândalos (especialmente se o caso envolver alguém “famoso”), assassinatos, estupros, assaltos, drogas, acidentes, e a pauta que está na última moda: a pedofilia.

Comigo funciona assim: hoje em dia posso me conectar tanto em casa como no meu escritório. Abro praticamente quase todos os grandes sites de notícias. Vou passando os olhos nas manchetes, nos anúncios menores – e é só o que vejo: uma desgraça seguida de outra – e quando a notícia é mais light – quase sempre é fofoca sobre gente famosa.
Voltando a Amy Winehouse – desde a primeira vez que li este nome nas manchetes, por poucas vezes vi algo que estivesse falando sobre sua música. Aqui a coisa fica interessante: como até pouco tempo nunca tinha ouvido nada dela, devido aos títulos das notícias eu a imaginava como uma reles popstar imbecil recém-saída da adolescência. Ledo engano! Algum tempo atrás minha ex-mulher me mostrou umas músicas e uns vídeos de Amy. Músicas de primeiríssima linha! Música como se fazia antigamente - um luxo, neste mundo onde tudo é igual, de baixa qualidade e descartável.

Mudando um pouco o assunto. Juntemos alguns personagens: Jimmi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morisson, Kurt Cobain e Amy Winehouse – o que temos aqui? Pessoas que só conseguiram produzir trabalhos fabulosos, que serão admirados para sempre, em seus piores estados emocionais: deprimidos ou sob efeito de drogas. Viveram freneticamente e se foram antes da casa dos trinta. No caso de Amy, meu pai me disse que o pai dela confirmou o que estou dizendo – que a cantora só conseguia produzir coisas boas em períodos em que estava em crise.
Consigo me lembrar apenas de um músico assim que ainda pisa esta Terra: Ozzy Osbourne. Seus primeiros álbuns solos são para muita gente superiores aos trabalhos dele no Black Sabbath. Quem acompanha a carreira dele sabe o que ele passou com o vício em álcool e drogas e os escândalos promovidos por ele. Hoje ele parece estar sóbrio e sereno – e seus trabalhos nos últimos 15 anos são no mínimo medíocres.
Triste realidade! Mas isso tem que ser reconhecido e admitido, sem a menor hipocrisia - para o bem ou para o mal.
Ozzy até hoje é mais reconhecido pela mídia em geral pelos seus gestos loucos, como o de arrancar a cabeça de pombos com os dentes, do que pelos seus excelentes trabalhos musicais.

Com Amy será (e já é) idêntico! Recuso-me a acreditar que aquelas belas canções que ouvi um dia são ouvidas pelas mesmas pessoas que ouvem Britney Spears, Jonas Brothers e Justin Bieber. Creio que só uma pequena parte de seus seguidores realmente admira sua arte. Quase todas as vezes que vi (e não li) notícias de Amy o assunto era o mesmo: suas crises e abusos. Raramente a matéria trazia algo sobre sua boa música.
Para quase todo mundo, especialmente aqui no Brasil (isso mesmo, a mídia de outros países pega bem mais leve) notícia boa é notícia ruim! Pessoas compram jornais e vão direto onde? Para a página policial! Todos adoram um “barraco”, uma fofoca sobre artistas de TV ou um banho de sangue!

Conclusão medonha: os escândalos e crimes bárbaros tornaram-se coisas banais na mídia. Seguramente eu digo: a aceitação, e a fome dos leitores e telespectadores por notícias ruins é que faz aumentar o número de ocorrência das mesmas!
A partir do momento em que as pessoas devoram, com suas mentes fincadas no televisor, ou no monitor do PC, toda esta onda de violência e desrespeito ao ser humano – consegue-se fomentar e despertar em seres de baixa inteligência e má índole o desejo de pôr em prática o que eles tanto gostam de assistir – os casos de pedófilos que surgem a todo o momento é prova incontestável... Entenderam?

Sempre me pergunto: se um indivíduo tem como entretenimento a desgraça alheia, e permite que isso entre em sua casa por tempo integral – que tipo de paz ele espera ter, e com o que ele espera sonhar na hora em que for dormir?
Não posso responder a esta pergunta – mas me orgulho de não ser mais espectador deste circo de horrores há muito tempo...
Go in Peace, Amy.

PEDRO BOTTERO.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Mentes FRACAS nas escolas – "Bullying"


Não resisti em parodiar o título do livro que acabei de ver na vitrine de uma revistaria. Sem mais rodeios:
EU FUI VITIMA DE BULLYING.
Dos seis aos onze anos de idade estudei numa das melhores e mais caras escolas da cidade onde moro. Meus pais deram um duro danado pra pagar as mensalidades. Sempre fui um aluno medíocre, mas tudo o que consegui absorver de bom veio dos anos em que eu estudei naquela escola! Tive excelentes professores!
Até aí, nada de estranho, certo? Bem, o que ocorreu é que quase todos os meus “coleguinhas”, desde o pré-primário ate a 5ª série, eram de classe média alta. Não sei dizer a vocês a que camada social eu pertencia na época (1985-1990), mas aquela gente aparentava ter muito mais dinheiro que as pessoas da minha família!
Além da cara mensalidade, meus pais pagavam a “Perua”; as “Vans” como todos sabem, só surgiram depois que o Collor liberou as importações. Os outros alunos chegavam de Ford DelRey, VW Santana, GM Opala, e vários tipos de caminhonetes. E eu chegava numa Kombi velha, no meio de umas vinte crianças suadas!
Aqui começa a parte intensa:

- DESCAMISADO, PÉ DESCALÇO! Sim, era assim que já me chamavam, aos sete anos de idade. Minha pele é morena, e morando na Cidade do Sol ela se bronzeia muito facilmente, e adquiria uma tonalidade quase negra quando eu era criança:

- "PRETO MORFÉTICO"! Assim diziam pra mim, lá pela 2ª série. Deu-se a desgraça. Eu, no meio da alta sociedade, pobre e preto! No meio dos “branquelos”, filhos de médicos, políticos e comerciantes. No ano seguinte o povo foi pegando raiva de mim! A ponto de eu começar a levar uns sopapos de leve, quando não tinha nenhum inspetor olhando. Uma vez tentei reclamar pra uma funcionária – ela me chamou de medroso; disse que eu tinha que enfrentá-los. Comecei a ser ameaçado – mas agora com estiletes e réplicas fieis daquelas facas de caça do Rambo! Tínhamos entre oito e nove anos.
- Reclama de novo, preto, que você morre!

E por incrível que possa parecer, a magreza absurda que me acompanha desde sempre (adoro isso!) nunca me rendeu muitas gozações. O problema mesmo era o suposto racismo e a diferença social. Enfim, depois disso, várias vezes eu era obrigado a ficar isolado, pois se me afastasse muito dos olhos de funcionários, eu com certeza entraria em maus lençóis. Nos seis anos em que estudei naquela escola, consegui fazer um único amigo! Logicamente que eu até tinha algum relacionamento com um ou outro, mas amigo mesmo, que sempre me considerou e respeitou, somente UM.
Na metade do 5º ano meus pais perceberam que eu não estava nem aí pra escola. Nunca estudava, e tirava notas ridículas, sempre. Fui estudar na rede pública, onde aquelas barbaridades tornaram-se coisas do passado. Dali até o fim do Colegial eu colecionaria dezenas e mais dezenas de amigos! Minhas notas também melhoraram bastante, já que a qualidade do ambiente mudou por completo.
Agora quero contar a vocês sobre um menino que estudava na minha sala nos meus Anos de Chumbo (risos, por favor, eu não me importo). Vamos chamá-lo de Antônio. A posição dele na escola era bem parecida com a minha, um menino simples e humilde. E pra vocês não confundirem, o Antônio não foi o meu único amigo a quem me referi antes, não lembro direito como éramos naquele tempo, mas tenho certeza que eu e ele jamais tivemos desintendimentos.
Pra cima do Antônio era a mesma coisa – ofensas fortíssimas, com ameaças de agressão física quase todos os dias. Mas ele nesta situação era praticamente o oposto de mim! Se três moleques o ameaçassem de porrada, ele dizia: PODEM VIR OS TRÊS! Lógico que ele levaria a pior se os meninos partissem pra cima dele (acabo de me lembrar que quase todos praticavam judô ou karatê), mas a voz firme, e o “olho-no-olho” sempre davam vantagem ao Antônio. O garoto era tinhoso! Jamais agüentava desaforos de nenhum tipo. Quanto às ofensas verbais, ele retrucava e respondia a todas, sempre em pé de igualdade, sempre sozinho, sem ninguém pra defendê-lo, afinal, o único que poderia ajudar estava amedrontado, “mocozado” em algum canto da escola... Não me lembro de ver o pequeno e franzino Antônio levar a pior UMA VEZ SEQUER!

Gente, eu tive muita sorte desta MERDA toda não ter me afetado. Eu poderia ter me tornado um freak ou um psycho, e ter chacinado os “playboys” dentro da escola; ou podia ter acabado com a minha própria vida. Acho que eu nunca tive consciência da barra pesada que passei aqueles anos. Esta ignorância me salvou. Quem me conhece sabe que a última coisa que eu tolero é ser destratado ou desrespeitado! Considero-me orgulhoso e imparcial diante de qualquer tentativa de ridicularização (existe esta palavra?) da minha pessoa.
Hoje ficou a lição. Não se deixar aterrorizar por nin-guém! Assim como o Antônio fazia!
Hoje eu me lembro disto e dou boas risadas... Tive mesmo muita sorte.
Resumo da ópera, kiddos: Esta coisa de bullying está sendo mal interpretada!
Eu fui vítima de bullying? Fui nada, RETIRO O QUE EU DISSE! Eu fui fraco e medroso, como a inspetora me disse a vinte e poucos anos atrás! EU DEVIA TER PRESTADO ATENÇÃO! Fui covarde. Era só olhar firme no olho daquelas crianças e dizer, convicto: ME DEIXEM EM PAZ! E "pronto", tenho certeza! Afinal era assim que o Antônio se safava daquelas encrencas!
Esta coisa de punir quem bateu ou quem insultou, é ridículo! Especialmente porque quando ocorre a denuncia do bullying, a vítima vira uma atração de circo, logo, a situação tende apenas a piorar!
Eu comparo isto ao ato de combater o tráfico de drogas – enquanto o mundo está cada vez mais cheio de gente querendo ficar “muito louco”! Não resolve muito, n’est pás?

Veremos a diminuição do bullying ocorrer quando, especialmente dentro de casa, estas crianças aprenderem a se auto preservar, a serem orgulhosas do que são e a REVIDAREM AS OFENSAS! Uma vez que você mostra ao próximo que tem sangue nas veias, que tem amor próprio, as chances de você se incomodado de novo diminuem drasticamente.
Não devemos combater as MENTES PERIGOSAS – temos é que fortalecer as MENTES FRACAS! LEX TALIONIS!
E pra encerrar:

MEA CULPA!

PEDRO BOTTERO.