quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Nunca serão...

Esta semana rostos como o de José Dirceu e José Genoíno ocupam os principais portais de notícia por conta do julgamento dos pagamentos de propina conhecidos como ‘mensalão’. Para mim, um dos melhores temas para ver nas entrelinhas e observar valores invertidos é o campo da política.

Em primeiro lugar, ser político nunca simbolizou pessoas em que o povo confiou para representá-lo. Um político nunca foi sinônimo de pessoa simples ou honesta. Ser político é ser poderoso e estar acima da lei. Sim, exatamente como bandidos, traficantes ou assaltantes de banco. Mas já me contradizendo, os eleitos pelo povo têm muito mais vantagens, pois agem “na legalidade”, nas barbas da constituição e dos que deram poder a eles – nós todos! E o fato mais absurdo: vejo algumas pessoas estúpidas comemorando as condenações em mais um ledo engano, senão vejamos: o que sempre acontece no máximo é a suspensão de direitos políticos por um tempo.

É como se depois de assaltar um estabelecimento, o indivíduo fosse apenas condenado a ficar um tempo sem poder frequentá-lo, e provavelmente sem ter que devolver o produto do crime! Já pensaram nisso?

Não sei como é em outros países, mas o brasileiro é completamente irresponsável e imbecil para escolher governantes. Tem memória de pernilongo e é como mulher de malandro. O nome Fernando Collor de Melo por si só já ampara minha avaliação! Senador Collor!

A imensa roubalheira na administração do PT é mais do que óbvia. Essa gente na adolescência tinha sonhos de igualdade social e liberdade, depois apanhou, levou choques e não chegou a lugar nenhum. A “democracia” voltou e nada da estrela vermelha deles brilhar. Depois que o Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto, chegou com ele a turma “que nunca comeu melado”. Só sendo cego ou muito hipócrita para crer que o poder não seduz, não corrompe. A turma do PT seguramente assaltou o Erário com juros e correção depois de anos de infortúnios, reparem que a coisa vem diminuindo, afinal já estão saciados, agem com mais moderação.

Recentemente anotei no facebook que há muito tempo, ao menos no papel, a pirâmide do poder inverteu-se, o poder deve emanar do povo, que tem o direito de fiscalizar e se necessário, substituir seus representantes. Mas a única coisa que o brasileiro faz é repetir que os governantes são corruptos, da mesma forma que um empregado se queixa de seu chefe, mas nunca tem atitude de argumentar com ele ou procurar outro trabalho.
Protestos? Bem, há para o casamento gay, contra o aborto, legalização da maconha, et cetera – e houve um contra a presença do ditador iraniano Mahmoud Ahmadinejad em nosso território! Quando ocorrerão manifestações massivas contra a corrupção? Se isso vier a mudar, levarão muitas décadas, a história sinaliza isso, há muito pouco tempo tínhamos um imperador e esta nação levou séculos para ser independente de sua metrópole.

Mas em minha opinião, não mudará muita coisa, o que pode melhorar é a eficiência dos políticos e alguma diminuição desses delitos, no melhor estilo “rouba, mas faz”.

O cavalo dá coice quando se assusta.
O cão levanta a perna para urinar.
Políticos são corruptos.

PEDRO BOTTERO.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Invitation to dance



Este texto é um convite, endereçado a todos que o lerem.

Um simples convite para que cada um se pergunte se está fazendo o que gosta – e em caso negativo, ponderar se é necessário passar por isto.

Antes que o leitor resolva abortar a leitura (afinal, textos e clichês de autoajuda se veem aos montes na internet, especialmente no facebook, e a maioria é imprestável) peço que prossiga um pouco mais. Sou novo na profissão, mas aprendi perfeitamente a escrever “não dando ponto sem nó”. Valerá à pena.

Sempre que conheço alguém, assim que tomo conhecimento do que a pessoa faz para viver eu de imediato pergunto: você gosta do que faz? E observo a resposta atentamente. Se em outra ocasião algum amigo se queixa comigo sobre seu trabalho, cônjugue ou qualquer empecilho, eis minha indagação: você precisa mesmo se sujeitar a esta situação? Como tenho um círculo minúsculo de amigos, costumo insistir nestas duas questões, primeiramente por estar escrevendo um livro sobre novas alternativas para a felicidade e progresso de um indivíduo, e também porque me importo com o bem-estar de meus colegas.

Problema número um: naturalmente estas duas questões disparam um alarme, um chamado de rebelião, de revolução, mas apenas por alguns instantes. É a tríplice maledeta: comodismo, derrotismo e covardia. Estes comportamentos são causados por fatores como “tenho estabilidade neste emprego”, ou “meu marido / minha mulher ao menos cuida de mim”. Tem mais: “e se eu não encontrar outro trabalho?”, ou ainda “ah, ninguém mais vai me querer!”
Resultado: as queixas vão se acomodando e o indivíduo vai se acostumando com estes problemas. Sem se dar conta, passa a exibi-los como seu estilo de vida: sua culpa de estimação. Na minha humilde opinião, estas atitudes transformam um ser humano em degrau para que outro com mais atitude, força de vontade e coragem alcance o sucesso!

Problema número dois: bem, eu morri pela boca, e vou contar o que houve. Há 12 anos atuo no mesmo ramo com razoável competência. Ao me perguntar se estava feliz com o que fazia, a resposta veio depressa, feito rastro de pólvora: nem mesmo quando comecei eu me perguntei se era aquilo que eu queria para minha vida! Então, não, não estava feliz, estava no mínimo desmotivado e entediado. A segunda pergunta veio com igual rapidez: preciso continuar com isto? Eu só precisei desta para resolver tudo. Mas surge aí uma terceira questão, uma que todos respondem com um sorriso no rosto: que atividade eu teria prazer em desempenhar? No caso deste que vos escreve, já estou no “cargo” que elegi para minha vida. A coisa que mais amo fazer. Escrever. Aos poucos estou abandonando meu antigo ofício para me dedicar apenas às letras. Estou acreditando nisto e não olharei para trás.

Ninguém terá a resposta para o enigma dos outros, apenas para o próprio. Mas estas duas questões, sempre que feitas acionam um “pisca-alerta” no nosso cérebro para obtermos a resposta. Eu as tinha aqui ao meu lado, no meu laptop. Vivia escrevendo sobre elas e direcionando-as para todo mundo, mas esqueci de mim mesmo. E era infeliz e não sabia. E por fim:

- Agradeço a todos que têm me dado suporte durante o tempo que estive fora do meu eixo, pois neste período nunca tive aceitação bovina com a situação ou acariciei minha culpa, então sei que decepcionei muita gente. Creio ter acordado a tempo para rumar ao meu pódio e aprender com meus erros.

- Aos que estão infelizes com o que fazem e creem que podem se libertar das garras da infelicidade: não permitam que a sensação de uma “volta por cima” evapore com o término deste texto! A maioria de nós foi educada acreditando que apenas depois de sofrimento, humilhação e sacrifícios é que se alcança o sucesso. Um grande erro! Mentira! Não sabemos de onde viemos, quanto tempo vamos ficar, nem pra onde vamos e tampouco se voltaremos.

“Lute por seu sucesso e inspecione sua felicidade periodicamente”

PEDRO BOTTERO.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Não somos nada?


Este texto nasceu depois que vi um vídeo de uma das palestras do professor Mário Sérgio Cortella, da USP, cujo título é “Você sabe com quem está falando?” Em sua narrativa, Cortella deixa claro que comparado à imensidão do(s) universo(s), não passamos de poeira estelar. Somos incrivelmente pequenos e insignificantes!
Creio que a intenção do professor é mostrar quão ridículo é quem ousa perguntar isso a alguém. Não consigo me imaginar dizendo ou escutando isto, muito menos tendo que responder à altura! O problema é que não consegui fazer uma conexão entre a excelente explicação de Cortella com a arrogância de um indivíduo. Sou a favor do desprezo em resposta à arrogância, pois geralmente não há argumentos suficientes para que o indivíduo “baixe a crista”.
Durante o vídeo lembrei-me de vários comentários que minimizam a existência humana em relação a tudo mais que existe neste universo e em outros. Poeira estelar, sem dúvida. Mas de um ponto de vista, vamos assim dizer, de tamanho. Claro que é possível viver cem anos e não deixar rastros de existência, a não ser um “já foi tarde”.

Mas quem nunca ouviu esta frase: “Ah, nós não somos nada!”

Estou aqui para dizer que somos – como indivíduos, muito, muito mesmo – ao menos aqui na Terra. Um indivíduo pode alterar o curso da vida de outros milhões. Houve um homem que teve uma existência tão notável que a História se divide em antes e depois dele: Jesus de Nazaré. O mongol e ex-escravo Temujin, mais conhecido como Ghengis Khan conquistou na base do arco e flecha 20 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a dois Brasis. No século XVIII houve um general francês que dominou boa parte da Europa, decapitando monarcas e substituindo-os com membros de sua própria família: Napoleão Bonaparte, definido por alguns como “o maior sopro de vida que já passou pela Terra”. E um austríaco chamado Adolf Hitler, que foi um total fracasso em vida até perto dos trinta anos, conseguiu chegar à presidência da Alemanha e disseminou o antissemitismo, ato que consumiu mais de seis milhões de vidas.
E para encerrar, vale lembrar que menos de um por cento da população mundial detém cerca de 96% de todo o dinheiro que circula no mundo!

O que temos aqui? Talvez pouca gente “se achando muito” e muita gente “se achando pouco”.

Sou evidentemente contra qualquer forma de derrotismo, creio que temos mesmo que enaltecer nossas qualidades, mas deve haver um limite entre esta auto-propaganda e a arrogância. Não há absolutamente nada de errado em dizer que sou muito bom em determinada atividade, que sou um expert em vários assuntos, ou até mesmo que me orgulho de minha posição profissional – o que não tem cabimento é usar tudo isso para humilhar pessoas, incluindo aí o “Você sabe com quem está falando?”...

PEDRO BOTTERO.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Os pinheiros de Naji Nahas



Acompanhei em vários sites alguns momentos da reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho, em São José dos Campos, que deixa sem moradia um número que varia entre 5.500 a 7.000 pessoas, cerca de 1.600 famílias. Seguindo link após link, fui me aprofundando sobre o tema: a ocupação do Pinheirinho é (ou melhor, era) atualmente a maior da América Latina. Eu moro em casa própria desde meus três anos de idade, não consigo imaginar como é ser posto para fora de casa, seja qual for o motivo. Domingo passado alguns sites mostravam pessoas se preparando para dormir no chão de terra batida, usando lonas como cobertores – algo realmente degradante.

O histórico da área não é muito claro: a região já foi uma fazenda que pertencia a uma família de velhos imigrantes alemães, que foram assassinados em 1969, por motivos ainda desconhecidos. Os alemães não tinham herdeiros e o território ficou abandonado por muitos anos.
Aqui o caso toma formas peculiares: em 1981 surge como proprietário o Grupo Selecta, que pertence ao empresário e especulador Naji Nahas, libanês naturalizado brasileiro, que aqui reside desde 1969. Nahas, então com no máximo 23 anos, trazia consigo a cifra de 50 milhões de dólares, oriundos de herança de família, para investir no Brasil. Ainda nos anos 70, Nahas já possuía mais de US$ 1 bilhão. Diz-se que nos anos 80 ele chegou a controlar 80% do capital Bolsa de Valores de São Paulo, e ainda há um caso mais famoso: devido a suas jogadas financeiras, consideradas desonestas (embora muitos economistas renomados o defendessem na época), Nahas teria sido responsável pela quebra da Bolsa do Rio, que nunca se recuperou totalmente. É notavelmente muito poder nas mãos de um único homem!

E tem mais: fontes consultadas por mim contam que o terreno, de cerca de 1,3 milhões de metros quadrados, foi adquirido por Nahas por meio de grilagem. Eu já sabia o que era um grileiro, que é quem forja escrituras falsas para se apoderar de propriedades públicas ou eventualmente sem proprietários definidos – mas não era de meu conhecimento o por que deste nome: coloca-se uma escritura novinha em folha, com dados falsos e datas mais antigas, em uma caixa com grilos! Os excrementos do inseto deixam o papel amarelado, e os grilos roem o documento, dando uma aparência mais verossímil à farsa. Quanta criatividade!
Enfim, é um episódio lamentável. Considerando a hipótese de grilagem, o terreno então poderia pertencer ao governo, podendo assim ser cedido para aquelas pessoas permanentemente! O governo inclusive teria demonstrado interesse na área, e um despacho da Justiça Federal impedia a desocupação, mas este não foi acatado devido a uma liminar do Supremo Tribunal de Justiça. Este impasse aponta para um altíssimo jogo de interesses em torno deste território, avaliado em até 180 de milhões de reais, com dívidas prediais na casa dos 16 milhões. Noves fora, é uma mina de ouro.

É necessário ver o outro lado da situação: havia 1.600 famílias residindo em um lugar que não lhes pertencia. O que ocorreu neste domingo poderia ter acontecido a muitos anos, como poderia ocorrer daqui a 5, 10 anos. Compreendo que deve ser fácil se acomodar em uma situação destas e não se preocupar em comprar uma casa, ou mesmo alugar uma – por isto não consigo chamar estes milhares de desabrigados de irresponsáveis – mas é certo que o que estas pessoas têm que fazer agora é enfrentar esta calamidade que foi causada por elas mesmas e seguir em frente, ao invés de contar apenas com ajuda do governo.
Voltando a Naji Nahas: o empresário perdeu muito de sua fortuna após as mudanças nas regras da Bolsa do Rio, e ele chegou a afirmar que se tais mudanças não tivessem ocorrido, o homem mais rico da América Latina seria ele, e não o mexicano Carlos Slim. Eu li uma entrevista com Nahas que dizia que ele estava de volta e com “sede de vingança”. Reaver a área do Pinheirinho com certeza faz parte de seus planos de recuperar seu império. Duvido muito que ele se preocupe com o destino das pessoas que ocupavam a área, mas devemos lembrar que ser solidário é algo muito bonito, mas é apenas uma opção de um indivíduo em relação ao próximo.

Este é um caso onde aparentemente não há lugar para a justiça social, embora há quem pense diferente. O que temos aqui é um único homem triunfando sobre sete mil pessoas. O imigrante libanês lutou (honestamente ou não) pelo que queria, e conseguiu. Os moradores do Pinheirinho, até onde pesquisei, nada fizeram antes, até porque não haveria qualquer direito da parte deles, e não está havendo nenhuma reforma agrária por lá.
Sou uma prova e também testemunha da loucura que é levar a vida como um capitão de um barco à deriva: podemos ter muito tempo de certezas e tranqüilidades, mas haverá um momento em que teremos que enfrentar o inesperado, e isto pode ser um golpe duríssimo...

PEDRO BOTTERO.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

"Luiza já voltou do Canadá. E nós já fomos mais inteligentes"



Emprestei o título do vídeo que acabo de ver no YouTube – onde o excelente jornalista Carlos Nascimento diz o seguinte:
“Ou todos os problemas brasileiros estão resolvidos, ou então nós nos tornamos PERFEITOS IDIOTAS.”
Eu sou um crítico ferrenho do culto a qualquer coisa que não seja, primeiramente, nós mesmos, como indivíduos. Agora cultuar pessoas famosas, digo sem medo de críticas que isto é ser, como disse o jornalista, um perfeito idiota, “com todos os opcionais disponíveis”. Nascimento comenta dois casos: uma piada sobre alguém que voltou de algum lugar, e um suposto estupro em um reality show.
Até agora não sei do que se trata, e tampouco saberei, pois me recuso a ingerir tal conteúdo infame. Mas continuo me perguntando: por quê tanta gente se interessa por gente famosa, mais do que por entes “queridos”, e mais até do que por si mesmo? Quanto tempo, atenção e pensamentos desperdiçados! Que tipo de benefício, ou retorno isto pode nos trazer?
Se eu sair à rua agora mesmo e perguntar a várias pessoas o que são as estrelas no céu, tenho certeza que quase ninguém saberá. Mas se eu perguntar nomes de filhos de algum ator bem famoso, ou de algum jogador de futebol, creio que muita gente vai saber responder.
Poucos têm consciência de quão nocivo é direcionar tanto tempo e pensamentos para terceiros, especialmente quando sequer os conhecemos. Milhões de pessoas são viciadas em "celebridades", assim como outros milhões são viciados em álcool, tabaco e drogas. A primeira reação de quem escuta ou lê isto seria: ah, mas ser louco por fofocas de televisão e gente famosa não faz mal à saúde!
Pensem um pouquinho... Será que não? Uma mente informada com coisas realmente construtivas, não conta para a saúde, para o nosso sucesso?
Eu, pela milésima vez, não participo disto. A internet anda apodrecendo de tanta notícia inútil, que tenho acessado sites de notícias cada vez menos, e aos poucos voltando aos queridos livros. Para a minha mente quero a preciosa sabedoria, e não lixo. Nunca vi um reality show, não vejo novelas a mais de dez anos, e não assisto a telejornais sangrentos. Não sei quem “canta” uma coisa chamada rebolation, e uma outra coisa que diz ai, se eu te pego. Mas fico feliz por não estar falando sozinho: há outras pessoas com “peito e tripa” para dizer o que vivo dizendo, e em rede nacional.
Então, seria eu o alienado? Pouco me importa, mas caso seja - desde já me sinto muito afortunado e satisfeito...

PEDRO BOTTERO.