segunda-feira, 13 de março de 2017

Goleiro Bruno: Punição vs. Segunda Chance

Apesar de não ter nenhum interesse por futebol eu acompanhei, ainda que de longe, o crime em que o goleiro Bruno Fernandes figura como mandante do assassinato de uma mulher, Eliza Samudio. O que me motivou a escrever sobre o assunto foram os protestos que vêm ocorrendo contra a volta do atleta aos gramados: parte da sociedade não aceita que ele esteja livre e jogando novamente sem ter cumprido uma longa pena e para piorar o lado dele, patrocinadores do time que quer contratá-lo podem rescindir seus contratos caso o jogador passe realmente a defender o Boa Esporte, de MG.

Vamos levantar a seguite questão:

- Até que ponto estamos qualificados para dizer quanto tempo um indivíduo deve ficar preso para pagar por um crime que cometeu, ou ainda, que tipo de critério podemos usar para dizer se ele sequer poderá um dia sair da prisão, ou se é um indivíduo “incorrigível” e incapaz de se reintegrar à sociedade? Quem somos nós para julgar tudo isso?

Quando digo nós, quero dizer a opinião pública, excluindo qualquer pessoa que tinha vínculos familiares e/ou de amizade com a vítima, cujo corpo até hoje não foi encontrado. Porque se enxergarmos a situação do ponto de vista da família de Eliza fica muito mais fácil formular uma opinião e aqui vai a minha, porém de modo geral: para casos de assassinato, estupro, sequestro ou terrorismo sou amplamente à favor da pena de morte. Porém não nos moldes atuais, onde o criminoso passa mais de uma década no corredor da morte e seu julgamento custa grandes fortunas aos cofres públicos. Precisaríamos de uma lei “curta e obscura”, como disse Napoleão Bonaparte sobre como deveria ser a Constituição ideal.

Mas voltando à realidade: nada mais natural que a família e amigos de Eliza estejam descontentes e revoltados com a liberdade concedida ao jogador. Já houve um pedido da revogação da liberdade de Bruno, que foi negado.

Questionando um pouco mais:

- Já que Bruno foi colocado em liberdade, (e provavelmente não vai haver nenhum “vem pra rua” para que ele volte para a cadeia) não é melhor que esteja empregado, se ocupando de algo, sob os holofotes da sociedade e da lei?

Curiosamente, Bruno Fernamdes ficou preso o mesmo tempo que o ator Guilherme de Pádua, responsável pela morte da atriz Daniella Perez no início dos anos 90 - cerca de seis anos. Hoje Guilherme trabalha na área de TI de uma igreja batista da qual também é obreiro. Ele teve mais sorte que Bruno, uma vez que ele saiu da prisão em 1999, logo, não precisou encarar a fúria de milhões de pessoas em redes sociais, inexistentes naquele tempo.

Para ser sincero tentei formar minha própria opinião sobre Bruno Fernandes estar em liberdade e quem sabe, daqui alguns anos milionário outra vez e sendo estrela de algum time da série A. Mas não cheguei a conclusão alguma. Então prefiro não me posicionar, e creio que alguém com um mínimo de sabedoria deve aceitar que certas questões podem simplesmente permanecer pairando no ar, sem solução.

Agora (não pensem que me esqueci!) sobre 'a justiça brasileira' ter libertado o ex-jogador do Flamengo, só encerrando a matéria com uma piada mesmo... Como disse, de maneira triunfante (o bandido) Dominic Toretto na cara (do policial) Luke Hobbs no filme Velozes & Furiosos 5, “THIS, IS BRAZIL”.

pB