terça-feira, 18 de junho de 2013

Protestar para quê?

Torno a escrever sobre este tema somente por conta dos exaustivos comentários em rodas de conversa e redes sociais. Eu explico minha habitual falta de credibilidade e interesse em tais movimentos:

- Em 34 anos de Brasil, vi poucos protestos onde o povo persistiu e fez valer seus direitos, com destaque os das Diretas Já (1984) e o do impeachment do então presidente Collor (1992). Na contra-mão destes dois cito oportunamente os protestos para tirar o deputado pastor Marco Feliciano da presidência da Comissão de Direitos Humanos – ninguém simplesmente toca mais no assunto, mesmo sendo um grande absurdo um homem que “toma partidos”, que tem visões e valores restritos ocupando uma posição que certamente requer um indivíduo que busque a justiça de uma forma mais genérica e sem pré-conceitos – como dizem os americanos: ...and justice for all.
- Mais pontos contra: a mídia brasileira, que sabe bem que “notícia boa é notícia ruim” mostra estes protestos como uma coisa negativa, dando ênfase para a minoria que pratica atos de vandalismo e também para abusos eventualmente cometidos pela polícia. É só abrir uma nova aba no seu navegador agora mesmo para comprovar o que estou dizendo: “Protesto, vandalismo, violência”.  A causa primária acaba ficando minimizada!
- E claro, ainda creio que parte dos manifestantes não tem nada para fazer, estão saindo às ruas para bancar o politizado, tirar umas fotos e colocar no facebook, e também no meio dessa multidão com certeza há muita gente frustrada e perdedora que se aproveita do momento para externizar tudo isso quebrando e incendiando tudo o que vê pela frente.

Desde as 6 horas desta manhã de terça estou acompanhando estes protestos contra aumentos de tarifas de ônibus, trens e metrô e concluo que estou otimista: tarifa de transporte público é algo que mexe diretamente (e diariamente) com o bolso do povo e as agressões por parte da polícia parecem ter dado ainda mais força ao movimento.

Por fim meus caros, a persistência é a única forma de se conquistar este direito e conseguir alguma redução do valor. E vamos torcer para que não apareça algum escândalo ou protesto novo – pois tendo como exemplo o caso Feliciano, este também pode acabar em vão. Caso contrário, alguém terá que recuar, a população ou o governo, e se há um momento oportuno para provar que “o povo é a maioria” e que “um filho teu não foge à luta” o melhor momento é este.

PB.