Torno a escrever sobre este tema somente por conta dos exaustivos
comentários em rodas de conversa e redes sociais. Eu explico minha habitual
falta de credibilidade e interesse em tais movimentos:
- Em 34 anos de Brasil, vi poucos protestos onde o povo
persistiu e fez valer seus direitos, com destaque os das Diretas Já (1984) e o
do impeachment do então presidente Collor (1992). Na contra-mão destes dois
cito oportunamente os protestos para tirar o deputado pastor Marco Feliciano da
presidência da Comissão de Direitos Humanos – ninguém simplesmente toca mais no
assunto, mesmo sendo um grande absurdo um homem que “toma partidos”, que tem
visões e valores restritos ocupando uma posição que certamente requer um indivíduo
que busque a justiça de uma forma mais genérica e sem pré-conceitos – como
dizem os americanos: ...and justice for all.
- Mais pontos contra: a mídia brasileira, que sabe bem que “notícia boa é
notícia ruim” mostra estes protestos como uma coisa negativa, dando ênfase para
a minoria que pratica atos de vandalismo e também para abusos eventualmente
cometidos pela polícia. É só abrir uma nova aba no seu navegador agora mesmo
para comprovar o que estou dizendo: “Protesto, vandalismo, violência”. A
causa primária acaba ficando minimizada!
- E claro, ainda creio que parte dos manifestantes não tem
nada para fazer, estão saindo às ruas para bancar o politizado, tirar umas
fotos e colocar no facebook, e também no meio dessa multidão com certeza há
muita gente frustrada e perdedora que se aproveita do momento para externizar
tudo isso quebrando e incendiando tudo o que vê pela frente.
Desde as 6 horas desta manhã de terça estou acompanhando
estes protestos contra aumentos de tarifas de ônibus, trens e metrô e concluo que estou
otimista: tarifa de transporte público é algo que mexe diretamente (e
diariamente) com o bolso do povo e as agressões por parte da polícia parecem
ter dado ainda mais força ao movimento.
Por fim meus caros, a persistência é a única forma de
se conquistar este direito e conseguir alguma redução do valor. E vamos torcer
para que não apareça algum escândalo ou protesto novo – pois tendo como exemplo
o caso Feliciano, este também pode acabar em vão. Caso contrário, alguém terá que recuar, a população ou o
governo, e se há um momento oportuno para provar que “o povo é a maioria” e que
“um filho teu não foge à luta” o melhor momento é este.
PB.
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