segunda-feira, 25 de julho de 2011

Amy Winehouse e as desgraças da vida – notícia boa é notícia ruim!


Minhas impressões sobre a cantora inglesa morta no último sábado são muito vagas. Eu explico. Eu simplesmente me recuso a ler más notícias. Não é novidade para ninguém o quanto é lucrativo divulgar e explorar as desgraças alheias. E por quê é assim? É óbvio – porque é o que vende, é o que o público deseja! Escândalos (especialmente se o caso envolver alguém “famoso”), assassinatos, estupros, assaltos, drogas, acidentes, e a pauta que está na última moda: a pedofilia.

Comigo funciona assim: hoje em dia posso me conectar tanto em casa como no meu escritório. Abro praticamente quase todos os grandes sites de notícias. Vou passando os olhos nas manchetes, nos anúncios menores – e é só o que vejo: uma desgraça seguida de outra – e quando a notícia é mais light – quase sempre é fofoca sobre gente famosa.
Voltando a Amy Winehouse – desde a primeira vez que li este nome nas manchetes, por poucas vezes vi algo que estivesse falando sobre sua música. Aqui a coisa fica interessante: como até pouco tempo nunca tinha ouvido nada dela, devido aos títulos das notícias eu a imaginava como uma reles popstar imbecil recém-saída da adolescência. Ledo engano! Algum tempo atrás minha ex-mulher me mostrou umas músicas e uns vídeos de Amy. Músicas de primeiríssima linha! Música como se fazia antigamente - um luxo, neste mundo onde tudo é igual, de baixa qualidade e descartável.

Mudando um pouco o assunto. Juntemos alguns personagens: Jimmi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morisson, Kurt Cobain e Amy Winehouse – o que temos aqui? Pessoas que só conseguiram produzir trabalhos fabulosos, que serão admirados para sempre, em seus piores estados emocionais: deprimidos ou sob efeito de drogas. Viveram freneticamente e se foram antes da casa dos trinta. No caso de Amy, meu pai me disse que o pai dela confirmou o que estou dizendo – que a cantora só conseguia produzir coisas boas em períodos em que estava em crise.
Consigo me lembrar apenas de um músico assim que ainda pisa esta Terra: Ozzy Osbourne. Seus primeiros álbuns solos são para muita gente superiores aos trabalhos dele no Black Sabbath. Quem acompanha a carreira dele sabe o que ele passou com o vício em álcool e drogas e os escândalos promovidos por ele. Hoje ele parece estar sóbrio e sereno – e seus trabalhos nos últimos 15 anos são no mínimo medíocres.
Triste realidade! Mas isso tem que ser reconhecido e admitido, sem a menor hipocrisia - para o bem ou para o mal.
Ozzy até hoje é mais reconhecido pela mídia em geral pelos seus gestos loucos, como o de arrancar a cabeça de pombos com os dentes, do que pelos seus excelentes trabalhos musicais.

Com Amy será (e já é) idêntico! Recuso-me a acreditar que aquelas belas canções que ouvi um dia são ouvidas pelas mesmas pessoas que ouvem Britney Spears, Jonas Brothers e Justin Bieber. Creio que só uma pequena parte de seus seguidores realmente admira sua arte. Quase todas as vezes que vi (e não li) notícias de Amy o assunto era o mesmo: suas crises e abusos. Raramente a matéria trazia algo sobre sua boa música.
Para quase todo mundo, especialmente aqui no Brasil (isso mesmo, a mídia de outros países pega bem mais leve) notícia boa é notícia ruim! Pessoas compram jornais e vão direto onde? Para a página policial! Todos adoram um “barraco”, uma fofoca sobre artistas de TV ou um banho de sangue!

Conclusão medonha: os escândalos e crimes bárbaros tornaram-se coisas banais na mídia. Seguramente eu digo: a aceitação, e a fome dos leitores e telespectadores por notícias ruins é que faz aumentar o número de ocorrência das mesmas!
A partir do momento em que as pessoas devoram, com suas mentes fincadas no televisor, ou no monitor do PC, toda esta onda de violência e desrespeito ao ser humano – consegue-se fomentar e despertar em seres de baixa inteligência e má índole o desejo de pôr em prática o que eles tanto gostam de assistir – os casos de pedófilos que surgem a todo o momento é prova incontestável... Entenderam?

Sempre me pergunto: se um indivíduo tem como entretenimento a desgraça alheia, e permite que isso entre em sua casa por tempo integral – que tipo de paz ele espera ter, e com o que ele espera sonhar na hora em que for dormir?
Não posso responder a esta pergunta – mas me orgulho de não ser mais espectador deste circo de horrores há muito tempo...
Go in Peace, Amy.

PEDRO BOTTERO.

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