quarta-feira, 6 de julho de 2011

Mentes FRACAS nas escolas – "Bullying"


Não resisti em parodiar o título do livro que acabei de ver na vitrine de uma revistaria. Sem mais rodeios:
EU FUI VITIMA DE BULLYING.
Dos seis aos onze anos de idade estudei numa das melhores e mais caras escolas da cidade onde moro. Meus pais deram um duro danado pra pagar as mensalidades. Sempre fui um aluno medíocre, mas tudo o que consegui absorver de bom veio dos anos em que eu estudei naquela escola! Tive excelentes professores!
Até aí, nada de estranho, certo? Bem, o que ocorreu é que quase todos os meus “coleguinhas”, desde o pré-primário ate a 5ª série, eram de classe média alta. Não sei dizer a vocês a que camada social eu pertencia na época (1985-1990), mas aquela gente aparentava ter muito mais dinheiro que as pessoas da minha família!
Além da cara mensalidade, meus pais pagavam a “Perua”; as “Vans” como todos sabem, só surgiram depois que o Collor liberou as importações. Os outros alunos chegavam de Ford DelRey, VW Santana, GM Opala, e vários tipos de caminhonetes. E eu chegava numa Kombi velha, no meio de umas vinte crianças suadas!
Aqui começa a parte intensa:

- DESCAMISADO, PÉ DESCALÇO! Sim, era assim que já me chamavam, aos sete anos de idade. Minha pele é morena, e morando na Cidade do Sol ela se bronzeia muito facilmente, e adquiria uma tonalidade quase negra quando eu era criança:

- "PRETO MORFÉTICO"! Assim diziam pra mim, lá pela 2ª série. Deu-se a desgraça. Eu, no meio da alta sociedade, pobre e preto! No meio dos “branquelos”, filhos de médicos, políticos e comerciantes. No ano seguinte o povo foi pegando raiva de mim! A ponto de eu começar a levar uns sopapos de leve, quando não tinha nenhum inspetor olhando. Uma vez tentei reclamar pra uma funcionária – ela me chamou de medroso; disse que eu tinha que enfrentá-los. Comecei a ser ameaçado – mas agora com estiletes e réplicas fieis daquelas facas de caça do Rambo! Tínhamos entre oito e nove anos.
- Reclama de novo, preto, que você morre!

E por incrível que possa parecer, a magreza absurda que me acompanha desde sempre (adoro isso!) nunca me rendeu muitas gozações. O problema mesmo era o suposto racismo e a diferença social. Enfim, depois disso, várias vezes eu era obrigado a ficar isolado, pois se me afastasse muito dos olhos de funcionários, eu com certeza entraria em maus lençóis. Nos seis anos em que estudei naquela escola, consegui fazer um único amigo! Logicamente que eu até tinha algum relacionamento com um ou outro, mas amigo mesmo, que sempre me considerou e respeitou, somente UM.
Na metade do 5º ano meus pais perceberam que eu não estava nem aí pra escola. Nunca estudava, e tirava notas ridículas, sempre. Fui estudar na rede pública, onde aquelas barbaridades tornaram-se coisas do passado. Dali até o fim do Colegial eu colecionaria dezenas e mais dezenas de amigos! Minhas notas também melhoraram bastante, já que a qualidade do ambiente mudou por completo.
Agora quero contar a vocês sobre um menino que estudava na minha sala nos meus Anos de Chumbo (risos, por favor, eu não me importo). Vamos chamá-lo de Antônio. A posição dele na escola era bem parecida com a minha, um menino simples e humilde. E pra vocês não confundirem, o Antônio não foi o meu único amigo a quem me referi antes, não lembro direito como éramos naquele tempo, mas tenho certeza que eu e ele jamais tivemos desintendimentos.
Pra cima do Antônio era a mesma coisa – ofensas fortíssimas, com ameaças de agressão física quase todos os dias. Mas ele nesta situação era praticamente o oposto de mim! Se três moleques o ameaçassem de porrada, ele dizia: PODEM VIR OS TRÊS! Lógico que ele levaria a pior se os meninos partissem pra cima dele (acabo de me lembrar que quase todos praticavam judô ou karatê), mas a voz firme, e o “olho-no-olho” sempre davam vantagem ao Antônio. O garoto era tinhoso! Jamais agüentava desaforos de nenhum tipo. Quanto às ofensas verbais, ele retrucava e respondia a todas, sempre em pé de igualdade, sempre sozinho, sem ninguém pra defendê-lo, afinal, o único que poderia ajudar estava amedrontado, “mocozado” em algum canto da escola... Não me lembro de ver o pequeno e franzino Antônio levar a pior UMA VEZ SEQUER!

Gente, eu tive muita sorte desta MERDA toda não ter me afetado. Eu poderia ter me tornado um freak ou um psycho, e ter chacinado os “playboys” dentro da escola; ou podia ter acabado com a minha própria vida. Acho que eu nunca tive consciência da barra pesada que passei aqueles anos. Esta ignorância me salvou. Quem me conhece sabe que a última coisa que eu tolero é ser destratado ou desrespeitado! Considero-me orgulhoso e imparcial diante de qualquer tentativa de ridicularização (existe esta palavra?) da minha pessoa.
Hoje ficou a lição. Não se deixar aterrorizar por nin-guém! Assim como o Antônio fazia!
Hoje eu me lembro disto e dou boas risadas... Tive mesmo muita sorte.
Resumo da ópera, kiddos: Esta coisa de bullying está sendo mal interpretada!
Eu fui vítima de bullying? Fui nada, RETIRO O QUE EU DISSE! Eu fui fraco e medroso, como a inspetora me disse a vinte e poucos anos atrás! EU DEVIA TER PRESTADO ATENÇÃO! Fui covarde. Era só olhar firme no olho daquelas crianças e dizer, convicto: ME DEIXEM EM PAZ! E "pronto", tenho certeza! Afinal era assim que o Antônio se safava daquelas encrencas!
Esta coisa de punir quem bateu ou quem insultou, é ridículo! Especialmente porque quando ocorre a denuncia do bullying, a vítima vira uma atração de circo, logo, a situação tende apenas a piorar!
Eu comparo isto ao ato de combater o tráfico de drogas – enquanto o mundo está cada vez mais cheio de gente querendo ficar “muito louco”! Não resolve muito, n’est pás?

Veremos a diminuição do bullying ocorrer quando, especialmente dentro de casa, estas crianças aprenderem a se auto preservar, a serem orgulhosas do que são e a REVIDAREM AS OFENSAS! Uma vez que você mostra ao próximo que tem sangue nas veias, que tem amor próprio, as chances de você se incomodado de novo diminuem drasticamente.
Não devemos combater as MENTES PERIGOSAS – temos é que fortalecer as MENTES FRACAS! LEX TALIONIS!
E pra encerrar:

MEA CULPA!

PEDRO BOTTERO.

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